24/09/2011

MANHÃS


Áspera é a manhã.Faca de corte,
romã de sete cores, partida e fresca.

Em sua sina de pássaro insano
a manhã nunca foge de ser manhã.

Doa-se em pele de pêssego,
licor rubro no tempo real.

Manhãs e manhãs construídas
em alvorada verde e azul.

Manhãs de tragédias romanas,
de César a caminho da Gália.

Manhãs de cabras mansas,
de ondas a galope no mar.

Manhãs de ontem, hoje e sempre,
de colher tulipas na Holanda.

Manhãs de navegar
nos mares da Austrália.

Manhãs da infância
em berço de claro algodão.

Todas as manhãs se parecem
acolhendo o sol na lanterna dos dias,

ao despertar as serpentes
e aquecer filhotes de águia nas escarpas.
Claras manhãs de fé,
onde semeamos descalços pelos campos.

Que sejam eternas as manhãs,
assim como são eternos os dias.

Onévio Zabot
In Arco de Pedra
foto  blmiers2

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