01/09/2012

MADRIGAL PARA UM AMOR




"A maior pena que eu tenho,
punhal de prata,
não é de me ver morrendo,
mas de saber quem me mata."
Cecília Meireles
 
 
Luz da Noite Liz da Noite
meu destino é te adorar.
 
Serei cavalo marinho
quando a lua semi  fátua
emergir de meu canteiro
e tu tiveres saído
em meus trajes de luar.
 
Serei concha privativa,
turmalina, carruagem,
Mas só se tu, Luz da noite,
teu delírio nesta margem
já quiseres  desaguar.
 
(Não te faças tão ingrata
meu bem! Quedo ferido
e meus olhos são cantatas
que suplicam não me mates
em adunco anzol de prata!)
 
E quando nós nos amamos
em nossa vítrea viagem
de geada e de serragem
pelo meio continente!
 
Luz da noite Lis da Noite
meu destino é te seguir.
 
Meu inábil clavicórdio
soluça pela raiz,
e já pareces tão farta
que nem sequer onde filtra
meu lado bom te conduz:
Minha amiga  vou fremindo
embebido em tua luz.
 
Rio, 1964
 
Cacaso
In A Palavra Cerzida 
tela Yuri Krotov

Nenhum comentário: