03/11/2012

O AMOR CALADO



Ainda que o canto desça, de atropelo
Como abelhas no enxame alucinante
em torno a um tronco, me penetre pelo
ouvido, em sua música incessante,
juro a mim mesmo: nunca
hei de escrevê-lo.

Hei de fechá-lo em mim como diamante
dentro da pedra feia.Hei de escondê-lo
na minha alma cansada e navegante.

E nunca mais proclamarei que te amo.
Antes o negarei como os namoros
secretos de menino encabulado.

Que se cale este verso em que te chamo.
Cessem para jamais risos e choros.
Meu amor mineral é tão calado!

Odylo Costa Filho
 As Tormentas
tela de Carrie Vielle

Um comentário:

Bernardo Serrão Brochado disse...

Estive a ver e gostei deste blogue, em especial por ter tantas obras de Fernando Pessoa! Convido a ler e subscrever a minha página: http://vultonouniverso.blogspot.pt/

Continuação de um bom trabalho!