14/10/2013

AS JANELAS


Essas janelas de vidros
coloridos
são remotas.Muito
mais antigas, por exemplo, que
a mulher suave
que me  fita de teus olhos. 
 
Vejo-as
filtrar o sol
 e encantar
o chão: magos ladrilhos
azuis   vermelhos   verdes  amarelos;
até
eu me fugir por entre as telhas
e subir
aos cintilantes unicórnios.
 
Já não sei alcançar
essas janelas. Apenas em sonho
às vezes
me abençoam e logo
se evaporam
e o que resta é a
noite
em meu peito, pulsando.  
 
Na casa quieta, à luz do pátio,
elas me esperam, as janela.
Em vão, que já não posso
ir, que aquele que sabia
ir
era outro, muito mais
antigo,
por exemplo, que o homem triste
que te fita dos meus olhos.
 
Ruy Espinheira Filho
In As Sombras Luminosas
tela Willen Haenraets 

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